sábado, 21 de junho de 2008

Estações...



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Há várias formas de marcar o tempo. As mais clássicas e que menos gosto é o relógio e o calendário. Não gosto de saber se estou na terça ou quinta. Prefiro contar meus dias por sensações: fome, sono, alegria, saudade, épocas de pouco sol, de muito vento. Que horas é a novela? Ah, na hora em que o cheiro do jantar do vizinho está chegando na área de serviço. A hora de dormir é quando o livro cai sobre meu peito, em que ele parece ser escrito em javanês. Pode ser também na hora em que fico chata, reclamona.

A hora de levantar é aquela em que me sinto expulsa do paraíso! Ou então naquela em que REM toca no meu celular.

O cheirinho de pizza... Esse me remete ao tempo em que eu e meus irmãos moramos “sozinhos” em Florianópolis, meados de 95... Não tem como esquecer os dois primeiros meses de overdose de pizza. Era um período de dúvidas e entre minhas músicas favoritas estavam She do Green Day e Gatinha Manhosa do Léo Jaime. Foi também nesse ano que pintei meu cabelo de vermelho, estilo que só usei novamente 12 anos depois.

Músicas, assim como perfumes e livros, também marcam minha linha do tempo.
Crises existenciais me remetem à época em que lia “O Diário de Anne Frank”. Eu devia ter 13 anos. Lembro como foi difícil ler as últimas páginas do livro. Eu preferia, assim como muitos de nós, ignorar as mortes em câmeras de gás.

Meu primeiro beijo aconteceu quando a trilha do mês era Losing my religion.
A primeira paixão me lembra November Rain, Guns. Meu perfume era Inamoratta.
Por essa época fiz minha primeira farra. Foi numa festinha de garagem que tinha na trilha Smiths, Police, Dire Straits e, claro, Legião.

Já o primeiro amor foi embalado por El amor después Del amor do Fito Paez (aí iniciou outra paixão). Na verdade nunca consegui distinguir direito minhas paixões dos amores...

O fim do primeiro amor foi no rigoroso inverno de 97. One, Lanterna do Afogados e Give me love na voz de Marisa Monte me faziam dormir entre lágrimas.

Outra fase interessante foi a época em que tive um affair com Érico Veríssimo. Lia Solo de Clarineta, sua autobiografia. Foi um amor puro e, quando via que o fim do nosso romance se aproximava, protelava ao máximo. Lia apenas 5 páginas por dia, até que numa noite ele se foi pra sempre.

Depois não contei mais amores. Era o do Carolina Herrera, o da semana das olimpíadas estudantis, o do halls de cereja ou do acampamento de inverno.

Após esse período passei a ser mais constante e exigente nos amores e nos perfumes. Mas ainda mudo... Depende do dia, da lua, da temperatura lá fora. Mudam perfumes, cor de cabelo, trilhas sonoras, mudam os amores. São as estações da vida. Algumas duram vidros e vidros do mesmo perfume, outras o tempo de uma edição limitada de uma fragrância de verão.

Todo mundo tem sua linha do tempo, seus cheiros e trilhas sonoras. Cada um tem sua forma particular e peculiar de marcar o tempo.

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Um comentário:

Blog do Futebol Catarinense disse...

Olá moça...

Fico imaginando você de cabelos vermelhos... Você é tão bonita de cabelos loiros. Hehehehehehehe... Gostei do seu blog, pois fico conhecendo a Fabrine mulher, com suas overdoses de pizza, suas preferências e paixões. É capaz até de dar um livro. Já sugiro o título: "O Diário de Fabrine". Pode ser meio simplório, mas dá certo.

Beijos e sucesso na prova da OAB. Você merece...