quinta-feira, 12 de junho de 2008

Relacionamentos

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Vinicius de Moraes - para viver um grande amor

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Nada como o dia dos namorados para discutir sobre relacionamentos. Esses dias eu uma amiga assistíamos a um programa de debates em que um especialista em relacionamentos, a apresentadora e dois convidados homens falavam sobre a arte da conquista.

Cruzamos as perninhas e começamos a observar. Falaram, falaram e disseram que as pessoas deveriam ser elas mesmas, pois as máscaras caem, e um relacionamento para dar certo precisa ser baseado na confiança e na verdade. Só assim alguém de fato vai te amar. Mas se segure, não entregue o jogo. Mistério, as pessoas gostam disso, do difícil, do que parece inatingível. Nesse caso, e somente para esses fins, toda mentira será perdoada.

Se ama, diga que ele é querido. Se pensou o dia todo nele, diga que... não, não diga nada! Não entre em contato por dois dias. A regra é simples: 1 dia pensando nele, dois de afastamento. Total: três dias sem contato. Isso conta pontos para futuro, aproxima. Investimento a longo prazo.

Agora, se não queres compromisso sério, está tudo liberado, o difícil é ter sentimentos verdadeiros para expressar. Mas é isso. Se queres afastar o moço, grude nele!! A cada “eu te amo”, ele se afasta um quilômetro. No mundo de hoje há um conceito geral de que amar é para os fracos e demonstrar a fraqueza é suicídio. O sentimento se tornou tabu.

Na minha opinião o amor anda tão escasso que por si só não precisa de outra forma de valorização, mas a cotação deve estar seguindo outras leis...
Não cola aquela ladainha de medo de se ferir ou ferir o outro. Acidentes de carro matam milhares de pessoas todos os anos e nunca ouvi alguém falar que usa menos seu automóvel por medo de se acidentar. Não se morre de amor. Não estou dizendo que temos que amar desenfreadamente, mas com parcimônia, como merece as coisas preciosas.
É só seguir os sinais de advertência, igual ao semáforo. Fácil assim. Se alguém se joga de uma ponte por amor, com certeza não será por um amor não correspondido, mas por falta de amor próprio.

Depois do programa começamos a nossa mesa redonda. Peguei uns livros que minha mãe me deu sobre relacionamentos: “Tudo o que uma mulher inteligente precisa saber”. “Aja como um homem e conquiste o seu”, “Porque os homens mentem e as mulheres choram?” Tudo presente da minha mãe. Acho que ela não confia na minha habilidade para escolher um bom namorado.

Confesso que recebo esses livros de nariz torto, com desdém. Ela sabe. Traz eles camuflados entre outros livros mais interessantes, tipo venda casada. Vão parar em alguma gaveta entre os renegados.Vez ou outra pego algum dos excluídos para rever meus conceitos. Esse não é o tipo de leitura que me atrai, mas tendo em mãos, sempre acabo lendo.

Bem, eu e minha amiga começamos a analisá-los de forma crítica, como mulheres bem resolvidas e inteligentes que somos. Algumas dicas, de fato, são muito interessantes, outras nos fizeram rir muito, mas, em suma, eles dizem a mesma coisa: se ame, se respeite.
Aquela velha máxima: cuide de seu jardim para que as borboletas pousem.


Até aí tudo bem. Veio a revolta depois. Porque os livros são feitos só para as mulheres? Parece que somos desesperadas por ter alguém. Nós é que precisamos ser a “supermulher”: bonita, inteligente, cool, boa mãe, boa de cama, renegada em seus sentimentos, compreensiva com os sentimentos e necessidades do parceiro e perita em tirar manchas de colarinhos. Tudo a gente! Os homens são muito pretensiosos ou as mulheres burras? Como ainda não há resposta, vou aproveitar que está chegando o frio e vou pôr esses livros na lareira. Manterei minha coleção de sutiãs sã e salva no armário.Tenho certeza vai ter um fim muito melhor do que queimá-los.

Mãe, se leres isso aqui, na próxima vez me traga Vinícius de Moraes, ou irei perder todas as ilusões.

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