sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Razão pelo qual um sem o outro não existem




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Imagine que o orgasmo durasse horas,
E que o olhar que te enternece fixasse nos teus ininterruptamente, até cansar.

Imagine a paixão perene,
E que não existisse o choro compulsivo que te lava alma.

Imagine que gosto teriam os prazeres efêmeros se fossem eternos.
O sonho se realizando  dias e dias a fio, tal qual idealizado, sem que houvesse esforço.

Competições sem podium,
Pecados sem julgamentos e penitências.

Imagine o abraço sufocando tua respiração sem cessar.
E o gosto que teria cada novo dia se a morte não existisse.

A satisfação é a inversa medida do sofrimento suprimido em cada ato.

O espasmo, a aflição, o prazer, o tempo...

Que triste, que triste o ausência permanente da dor.

Há quem chame de masoquismo, mas ao contrário,
É por tanto gostar do prazer que enalteço a dor.

Pois se ela não existisse, por falta de de referências, eu jamais saberia reconhecer a anestesia na alma que só o verdadeiro amor comporta.

E sem ele, por mais anos que vivesse, eu jamais existiria. 
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