segunda-feira, 22 de junho de 2020

Sobre Amor e Relacionamentos


Refletindo sobre o dia dos namorados, concluí que para um relacionamento para dar certo deve ser baseado na confiança, verdade e, principalmente, liberdade. É aí que mora o amor. Infelizmente no mundo de hoje há um conceito geral de que amar é para os fracos e demonstrar a fraqueza é suicídio. O sentimento se tornou tabu. Não cola aquela ladainha de medo de se ferir ou ferir o outro. Acidentes de carro matam milhares de pessoas todos os anos e nunca ouvi alguém falar que usa menos seu automóvel por medo de se acidentar. Não se morre de amor.

Também não estou dizendo que temos que amar desenfreadamente, mas com parcimônia, como merece serem vividas as coisas preciosas. É só seguir os sinais de advertência, igual ao semáforo. Fácil assim. Se alguém se joga de uma ponte por amor, com certeza não será por um amor não correspondido, mas por falta de amor-próprio.

Claro que é preciso cuidar para não cair nas armadilhas do falso amor. Li um texto que falava: “O problema é que nós sempre confundimos a ideia de amor com apego. Sabe, nós imaginamos que o apego e o agarramento que temos em nossas relações  demonstram que amamos, quando na verdade, é só apego que nos causa dor. Porque quanto mais nos agarramos, mais temos medo de perder."

Acredito nisso, amor é algo ao qual se deve ser grato e não obrigado, por isso num relacionamento devemos sempre fazer a reflexão se estamos namorando ou fazendo/sendo refém de uma situação egoica de apego e dependência emocional. Se esse relacionamento tem tirado a alegria e sono ou trazido paz, pertencimento e sorrisos. É normal que o sentimento mude durante o passar de um relacionamento, nos mantendo apegados ao que "éramos" negando que, muitas vezes, um amor romântico virou uma rica amizade e o apego tomou o lugar do genuíno amor. Vivemos da sombra dos dias alegres que já foram, das promessas que fizemos, da expectativa que criamos ou geramos, dos bens que compartilhamos. Isso causa tristeza e mata os dias. Nada tem a ver com amor.

Precisamos amar! Minha teoria é que o namoro ideal deve ter um triângulo onde esteja presente junto do casal o amor-próprio, divorciado da zona de conforto. O amor te respeita, não suporta. Dá ar, não sufoca. Todos merecemos dar e receber amor, o genuíno AMOR que não é alimentado por pena, culpa, medo, ciúmes, posse, aparências, nem cabe manipulações. Amor é essência, jamais aparência. O melhor termômetro é quanto o sorriso da outra pessoa faz nossa alma também sorrir e a liberdade que temos  para poder tranquilamente ficar ou sair. E se for assim, se jogue, arrisque sem medo! Ame e seja amado, é para isso que fomos criados.

Desejo a todos que namoram e aos enamorados por si e pela vida um lindo dia, repleto do amor simples e completo, assim como diz os lindos versos de Vinícius de Moraes:

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Um comentário:

Neil Joir disse...

Com este soneto e possivel sentir o amor incondicional, sua plenitude não deve ser mensurada, catalogada só expressada através de suas múltiplas facetas