Hoje é o dia do índio. Data controvertida pois, eu e muitos, achamos que não deve ter uma data para comemorar a existência do índio. Creio que seja um dia para refletir sobre a cultura indígena, sobre o que fizemos com eles, sobre onde estão eles no nosso País.
Curiosamente estou lendo o livro Emprega-dor: a participação da classe dominante na construção do Direito do Trabalho no Brasil - uma história forjada com alienação, estranhamento e ideologia, do amigo Almiro Eduardo de Almeida que analisa, entre outras coisas, a história das relações do trabalho no país.
Me deparei com uma parte em que ele fala sobre a inclusão do índio como "trabalhador" na fase primitiva da economia brasileira.
De fato, ali havia muito trabalha-dor. A dor do abuso, do roubo, da exploração, do egoísmo, da ganância, da expulsão e da dominação.
Ele cita uma frase de um vice rei do México que costumava dizer que "não havia melhor remédio que o trabalho nas minas para curar a maldade natural dos índios".
Já no Paraguai, uma pesquisa apontou que a cada 10 paraguaios, oito acreditavam que os índios eram como animais, sendo que a maioria dos latinos tem sangue indígena. Eu já sabia, pois minha avó paterna era indígena.
Em um exame genético feito pelo meu irmão em uma pesquisa na UFRGS, mostrou que temos 17% dessa linda linhagem no sangue. Na verdade, todo brasileiro é indio, se não no sangue, na cultura a qual fomos forjados.
No Brasil sabemos do escambo, como foram explorados e enganados os verdadeiros donos dessa Terra. Como diz a música da Baby Consuelo:
Antes que os homens aqui pisassem nas ricas e férteis
Terraes Brasilis
Que eram povoadas e amadas por milhões de índios
Reais donos felizes da terra do pau Brazil
Pois todo dia e toda hora era dia de índio
Mas agora eles tem só um dia
Um dia dezenove de abril
Amantes da pureza e da natureza
Eles são de verdade incapazes
De maltratarem as fêmeas
Ou de poluir o rio, o céu e o mar
Protegendo o equilíbrio ecológico
Da terra, fauna e flora pois na sua historia
O índio é exemplo mais puro
Mais perfeito mais belo
Junto da harmonia da fraternidade
E da alegria, da alegria de viver
Da alegria de amar
Mas no entanto agora
O seu canto de guerra
É um choro de uma raça inocente
Que já foi muito contente.
Pra mim, hoje não é dia de pintar a cara e tirar foto usando cocar. Hoje é dia de parar para pensar, silenciar, aprender a respeitar, ver o que podemos fazer para mudar essa imagem tão caricata, tratada na maioria das vezes de forma burlesca e desrespeitosa.
Precisamos erradicar as injustiças e preconceitos. Precisamos, definitivamente, sair do discurso e fazer com que todos os dias sejam de índio!
... e de homem, de mulher, de negros, de brancos, de pardos, de pobre, de rico, de deficiente, de homossexual, de idoso e de criança...
Todo dia tem que ser dia de gente, todas elas.
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2 comentários:
Por favor, escreva mais.
(((♡))))
Nossos primordiais em ancestralidade, não apenas na genética, mas na essência em unicidade com tudo e todos, com a natureza e com toda a ligação mística/xamânica com a Terra.
Aho!**
Gratidão mais uma vez irmã da luz!** /\ **
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