* *
* *
Vou antecipar meu 20 de Setembro
porque meu coração está bombeando saudade. Só quem é gaúcho sabe o que digo. Como
canta Vitor Ramil, nunca pensei que minha sina fosse andar longe do pago. Porém a vida tem suas razões e por algum motivo, que espero ser justo, me trouxe
para viver numa linda ilha, mas longe da minha gente.
Nessa época do ano meu coração,
que é dado à alegria, chora e se aperta. De onde eu vim aprendemos desde
cedo nossa história, que num país de liberdade negociada por patacas,
manchamos o verde e amarelo da bandeira brasileira com sangue da nossa gente,
por ideologia e valores nobres, pela liberdade, para poder comercializar nossa
riqueza “salgada” sem sermos explorados pela cobiça da coroa.
Lutamos pela liberdade dos
escravos, pela justa tributação do charque e do couro, pelo interesse do nosso
povo, não nos envergando às tropas imperiais, e isso é só um exemplo de
tantas lutas das quais não fugimos. Durante a Revolução Farroupilha construímos
e afirmamos princípios políticos, culturais, econômicos, sociais e
principalmente ideológicos que guiam os gaúchos até os dias de hoje.
De onde eu vim as crianças são
piás que entoam o hino Rio-Grandense antes mesmo de aprenderem que a
família real veio para o Brasil fugindo de Napoleão. Somos herdeiros de
uma legítima capitania hereditária, de uma terra que passa de
pai para filho e, pra onde quer que vá, coloca um punhado do chão no
coração e leva consigo como um relicário.
Lá no meu pago os
inimigos são declarados e as armas são iguais. É onde os rivais brigam sem que
ninguém de fora esteja autorizado a entrar na peleja, mas também se unem
e se defendem mutuamente quando é preciso, como fazem os legítimos
irmãos.
Rio Grande do Sul, filho rebelde
do sofrido e também honroso Brasil, obrigada por fazer de ti meu
esteio e minha pátria.
“Entre nós reviva
Atenas
para assombro dos
tiranos
Sejamos gregos na
glória
e na virtude,
romanos”
* *
foto: goole