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Um dia, nalgum lugar, uma eternidade após,
Eu lembraria tudo isto num suspiro:
Dois caminhos divergiam numa floresta de outono,
E eu, eu escolhi o menos percorrido,
E isto fez toda a diferença!
Robert Frost
Do Amor Natimorto
Sossega a voz e o coração
Silencia os pensamentos, abafa os gemidos
Nada há de ser tão cruel quanto “o que poderíamos ter sido”
De hipóteses estamos cheios, amor natimorto.
Amo-te no futuro do pretérito
Como quem tomou o veneno antes mesmo da picada
Aquele que nem vive e já morre
"Amor declarado morto,
Como pode ser tão vivo
Dentro dos limites do meu corpo?"
E qual pena maior do que amar sem amar?
Então se for assim, prefiro que me deixe viver e esfaqueie
lentamente.
Deixe-me sentir que nalgum momento houve pulso. Por que daí valeria
a morte.
Enche-me de vazio. Mas
não me torture assim.
Não mate os abraços,
beijos, gemidos e plurais.
Ou que mate, então...
Salve-me dessa hesitação a cansar meus dias.
Mas mate lentamente ... que seja de desgosto, frieza,
desencanto ou qualquer coisa que doa em
mim. Porque agora não sinto nada que não seja brisa suave.
Seja cruel, me faça sentir cada instante do teu adeus.
Quero doses cavalares da tua carne e homeopáticas de
lucidez.
Dê-me, apenas, o direito ao último suspiro
Aquele que antecede a morte, mas que liberta a alma.
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foto: google
foto: google
2 comentários:
nunca havia lido um texto seu, hoje li esse seu texto!! Que maravilha estas suas palavras... Porém um tanto nostálgicas!! Dei uma passeada pelo blog, e li RESOLUÇÕES... A-D-O-R-E-I!!! hahahaha E descobri que este ano, também não fiz pedido algum!! Porém agradeci muito. Estou bem nessa! "Crie qualquer coisa, menos expectativas." Desejo que você tenha um belíssimo ano, sem EXPECTATIVAS, porém, RECEADO de BELAS surpresas!! Beijinhoss
O futuro do pretérito é o natimorto mais perverso...Inspiradíssima, Bine. Lindo! Estupendo!
Gabi
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