sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Expelir palavras

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Ando com uma certa angústia em relação ao blog. Às vezes pode parecer displicência, mas no fundo eu acho que é excesso de zelo.
Ele, com um certo orgulho, deixou de ser um ostracismo meu. Tenho pessoas queridas (outras nem tanto) que gostam do que escrevo. Por vezes até me cobram atualizações...
Eu queria muito ter o dom de ter sempre idéias, opiniões e palavras interessantes na ponta dos dedos, mas isso acontece em raros momentos. São insights criativos estimulados por alguma reflexão profunda sobre algo cotidiano, ou algo que me inquietou ou me enraiveceu de tal forma que tenho que escrever como forma de tirar aquilo de mim.
Escrever sobre coisas que não inquietam minha alma me inclina a falar de frivolidades. Sei que a vida é repleta pequenos momentos de discussões cotidianas. Diálogos internos rotineiros, mas inevitáveis. Fazer a lista do mercado, decidir se vou dedicar a manhã de sábado para lavar roupas ou deixar a pilha aumentar e me entregar nas mãos do Morfeu até meio dia... Ligar para alguém para desabafar ou assimilar sozinha o problema... Dar ou não esmola pra criança faminta... Meu dia é feito dessas pequenas indagações e atos que não renderiam um bom texto. O roteiro dos meus dias eu escrevia quando tinha diário. Escrevia nele, desde os dez anos, tudo o que eu fazia. O curioso é que parei de escrever diário, justamente quando meus dias ficaram mais interessantes. Ironias dessa vida... E guardava tudo com um cadeado! Escondia no esconderijo secreto, junto com as cartas de amor. Um dia ainda encontro elas...
Quando meu dia era normal, escrevia “idem ao interior”. Pois é, naquela época já não tinha muita paciência para frivolidades. Se qualquer dia aparecer por aqui um “idem ao anterior”, não se espantem...
Como escrevi no início, coisas cotidianas também me instigam. Eu faço delas um evento quando escrevo, mas na maioria das vezes vivo os dias sem querer analisá-los ou tecer críticas...
Talvez tenha que aguçar isso em mim, talvez seja preguiça... pode ser. Preguiça de pensar... você conhece alguém que já teve? Posso estar sofrendo dessa síndrome quase epidêmica.
O fato é que isso já está me trazendo uma certa angústia, aquela que inquieta minha alma e me faz expelir palavras...



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2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Doutora, realmente o blog deixou de ser um cantinho seu, para ser um cantinho "nosso", teu público leitor. Não se desespere, seremos pacientes com as atualizações srsrsr. Com carinho,

Fabio Sanches Pascoa disse...

"idem ao anterior"