quinta-feira, 17 de abril de 2008

Dias de chuva


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Gosto de dias de chuva como quem gosta dos sabores efêmeros. É uma delícia ter o prazer de olhar, apreciar simplesmente... ter um pequeno e precioso tempo de paz e calma.

Gosto de dias de chuva como quem gosta de tocar pequenas feridas para sentir a dor que só tem quem viveu.

Gosto de dias de chuva, como quem não teme a nostalgia e sabe saborear gostos escondidos no cantinho dos lábios.

Gosto dos dias de chuva, como quem não tem pressa. Como quem não espera nada e, por isso, tem tudo.

Gosto dos dias de chuva, porque neles a felicidade não é obrigatória. Ela é simples e pura.

Ah... os dias de chuva!! Olhos para o chão, guarda-chuvas abertos, rostos escondidos, como quem teme ser descoberto. Gosto mesmo é de fechá-lo. Me deixar molhar.

Tenho banhos de chuva inesquecíveis que não trocaria por nenhuma ducha quente e não me trouxeram qualquer resfriado. O mundo desaba, mas não nos leva junto. Leva o que deixamos levar.

Os segundos entre o relâmpago e o trovão, o choro de Deus, a bênção dos céus, não sei... o que importa é a inundação da alma.


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