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Minha
irmã mostrou uma foto em que dormia com seus quatro filhos, pediu
que eu escrevesse um texto sobre amor baseado nela. Disse que
desejava que o tempo parasse nessa foto para manter as crianças
pequenas e sempre perto dela. Lembrei de várias situações em que
eu gostaria que o tempo parasse.
Quantas vezes desejamos que nossa vida pairasse numa imagem? Como naquelas dos amores de carnaval que passaram tão rápido, da paixão existente no início dos relacionamentos, dos abraços fortes, dos beijos sufocantes que nos enchem de vida e que gostaríamos de eternizar. Do colo da mãe, de brincar com o pai, dividir o chocolate com os irmãos, de cruzar um olhar que ficou eternizado no passado entre dois jovens corações que poderiam ter para sempre se amado se tivessem sido apresentados. Lembrei também do vídeo que acabei de receber de um estimado amigo apresentando sua primeira neta.
Quantas vezes desejamos que nossa vida pairasse numa imagem? Como naquelas dos amores de carnaval que passaram tão rápido, da paixão existente no início dos relacionamentos, dos abraços fortes, dos beijos sufocantes que nos enchem de vida e que gostaríamos de eternizar. Do colo da mãe, de brincar com o pai, dividir o chocolate com os irmãos, de cruzar um olhar que ficou eternizado no passado entre dois jovens corações que poderiam ter para sempre se amado se tivessem sido apresentados. Lembrei também do vídeo que acabei de receber de um estimado amigo apresentando sua primeira neta.
Imagino
os pensamentos que lhe vieram à tona, mesmo que por um rápido
lampejo, no voltar no tempo. Lembrou, com certeza, da primeira vez
que pegou sua filha nos braços e mostrou para os amigos aquele
pacotinho tão esperado e já um pedaço indivisível de si, mesmo
que recém a conhecesse. Assim como a minha irmã ao ver a foto dos
seus filhos aninhados junto dela em sua cama. Nessa hora queríamos
ter o poder da alquimia sobre os segundos.
Por
outro lado, se tivéssemos esse poder, de quantos outros momentos
lindos seríamos furtados? De dar um segundo abraço mais cúmplice,
de ver as crianças crescerem ou reencontrar com mais maturidade
aquele olhar encantador do passado e poder viver a mais linda
história de amor. A vontade de tornar eterna a efemeridade contida
na felicidade latente nos tolhe muitos momentos de mais amor. Aceitar a
passagem rápida da vida é o segredo da felicidade.
Queremos
congelar o tempo para guardar as boas lembranças, mas esse apego enevoa a esperança de acordarmos no dia seguinte com vontade de termos
dias a mais. A gente só lembra do que pode perder sem lembrar que o
melhor sempre está por vir. Querer manter o estado presente mata a
alegria que está nos esperando de braços abertos ali na frente. Meu
amigo não teria a felicidade de segurar sua neta se não tivesse
deixado sua filha crescer ou tivesse sido privado de envelhecer.
O
amor de verão pode viver até o inverno, um primeiro beijo pode se
repetir a cada novo dia, a cumplicidade de uma noite de carnaval pode perdurar até o próximo Natal. Um casamento falido
pode dar lugar a mais felicidade quando as crianças deixam de
presenciar brigas e compartilham a alegria de ver um novo amor
resplandecendo a vida dos pais. A chance de um segundo encontro pode dar início à parceria de uma vida inteira. Às vezes nos acorrentamos a uma cota
pequena de felicidade e acabamos por resumir nossa alegria olhando
uma antiga fotografia.
Quantas
vezes matamos novos doces retratos da vida enquanto alimentamos a
nostalgia? O medo gera apego e poda o nosso florescer. Medo de experimentar o novo, medo de reiterar, de novamente sofrer, de se apegar, de doer, de se entregar às surpresas do destino faz com que passemos nossos dias acorrentados à âncora da reles existência que limita os horizontes e tolhe vermos a vida através de novos lindos amanheceres.
Se não largarmos as moedas de pratas, jamais pegaremos o pote de ouro que ali se avizinha. Sem a dor de perder o primeiro amor não teríamos como viver um "grande amor" pois faltaria maturidade para reconhecê-lo. Se os filhos fossem sempre crianças não existiria colo de vô. As lembranças do primeiro amor, a cumplicidade do primeiro casamento, o primeiro choro do rebento sempre estarão vivas no fio invisível da memória e podem ser revividas todas as vezes que o coração quiser visitar o passado.
Se não largarmos as moedas de pratas, jamais pegaremos o pote de ouro que ali se avizinha. Sem a dor de perder o primeiro amor não teríamos como viver um "grande amor" pois faltaria maturidade para reconhecê-lo. Se os filhos fossem sempre crianças não existiria colo de vô. As lembranças do primeiro amor, a cumplicidade do primeiro casamento, o primeiro choro do rebento sempre estarão vivas no fio invisível da memória e podem ser revividas todas as vezes que o coração quiser visitar o passado.
Deus
nos deu a memória para que possamos fazer essas pausas e contemplar a qualquer momento as paisagens da nossa existência. A vida
jamais pode parar, porém o coração permite revisitar nossas
antigas moradas. É muito bom ter as crianças no colo, mas é
preciso deixar que os dias o ensinem a caminhar. Ao invés de querer parar
o tempo, devemos deixar ele nos acarinhar, aconchegados nos braços
desse momento sagrado em que nosso pulsar agora está alocado, lugar
onde deve estar eternamente ancorado nosso coração e nossa mente que, não à toa, é chamado
de presente.
À memória da Poesia, minha gatinha que morreu enquanto escrevia esse texto.
À memória da Poesia, minha gatinha que morreu enquanto escrevia esse texto.
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