As melhores frases são as que o
silêncio soletra. E os piores vácuos, são os cheios de vazio.
Dizer tudo sem falar nada é a
láurea da linguagem. É o olhar oblíquo, o sorriso de Da Vinci, é a pauta em branco e o
coração latente.
Palavras que nunca direi, estas
são as mais valiosas. Lembro dos meus hiatos como momentos. Algumas vezes medo,
outros sabedoria.
Poucas vezes silenciei tão alto.
Mas esses gritos sem eco, ainda ressoam na minha alma.
Não gosto de calar, mas cada
vez mais me calo. Minhas falas estão tão
calejadas, que agora o silêncio se torna astro-rei, e supre a incompetência
das palavras não entendidas, das palavras mal escritas que só de pensar, cansa
os dedos e seca a pena.
De tanta incompreensão, as
palavras suprimidas escorrem dos olhos, e a lágrima se faz verso, tão belo e
transmutado que traz sorriso ao rosto cansado, fazendo rica qualquer rima.
Escrever nada mais é do que
passar pela alma as palavras incompreendidas, pôr o meu perfume soletrado e, após,
asfaltar com elas o caminho empoeirado por onde ando.
Essas palavras talvez não façam
sentido para ninguém além de mim, mas de sentido as almas estão cheias, e de
sentimentos os textos andam vazios.
Mas o que eu escrevo... isso tem
alma, coração e fé. Tem um amor tão grande, que faz de um simples fonema a poesia mais bela que Drummond sequer
sonhou.
Escrever traduz a alma e
silencia o coração, deixando sempre à minha escolha onde pôr o ponto final, incluir as reticências ou, por fim, suprimir o grito.
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