segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Grande Eco


Mudanças sempre causam um agito. Mesmo que para melhor, elas inquietam. Mas têm horas em que mudar é inevitável. Talvez não mudar necessariamente, mas assumir o que se é e deixar ir o que não te serve mais.
A gente vai mudando aos poucos, pequenos fragmentos nossos se alteram de forma lenta e gradual, até que chega um momento em que assumir essas alterações se torna obrigatório, porque já não somos mais os mesmos. Nossa feição não condiz com nosso olhar, nos tornamos um blefe.
Impreterivelmente é preciso decidir trocar as vestes ou costurar em si essa túnica puída e obsoleta que há tanto tempo usamos.
Por um bom tempo teci minha nova veste. Não sei se é melhor ou pior do que a antiga, mas com certeza é mais confortável. Com o tempo a gente vai aprendendo que o que mais importa não é a beleza, mas a leveza. Nada mais me aperta, oprime ou constrange. Isso é essencial para a felicidade.
Nada de agradar aos outros, carregar a responsabilidade da alegria ou tristeza de alguém. Cada um que assuma seus ais. Sempre levei mais felicidade em campos férteis do que naqueles áridos em que nunca vingou qualquer coisa que eu plantei... o que não se confunde com frieza perante aos infelizes... acontece que a felicidade nunca vem de fora. Se você duvida disso, desejo que descubra o quanto antes, porque mais cedo ou mais tarde, vais aprender.
Não é megalomania, mas as pessoas precisam se bastar. A infelicidade vem justamente em querer buscar em outro o que lhe falta. Mas ninguém pode suprir o vazio que carregas na alma. Todos temos um vazio na alma. Uns mais, outros menos. Carências, traumas, excesso de amor, falta de amor. Em cada extremo nosso há um vazio latente.
Sempre fugi dos meus vazios. Nietzsche dizia que quando a gente olha muito tempo para o abismo, ele também olha pra gente. Meu abismo era meu vazio. Quando resolvi olhar para ele ou o enfrentava ou me sucumbia. Não há redenção em superá-lo. É obrigação de cada um.
A nossa maior briga não é com Deus, com pai, namorado, chefe ou qualquer bode espiatório em que personificamos nossa raiva ou angústia. O maior inimigo sempre somos nós mesmos.
Fazer as pazes consigo mesmo, eis o verdadeiro milagre.

"Conhece-te a ti mesmo. E conhecerás o universo e os deuses."

( Inscrição no frontal do templo de Apolo em Delphos)

10 comentários:

Júnior disse...

Oi madrinha,

Muito legal o texto. Parabéns.

Beijos

Acélio Júnior

Madeira disse...

Como sempre teu texto exprime muito sentimento, expressa um muito querer, ou talvez, por vezes, um não querer! Verdade está quando ao introgetar que a felicidade não está fora de nós, possamos ser felizes, ou mais felizes. Pois na ânsia de encontrar aquilo que nos falta, como se fosse uma "compra de supermercado", passamos a procurar nos outros o que nos falta. As vezes, por medos, carência e até fraqueza, não queremos descobrir e desvendar esse mostro que habita nosso ser: o nosso vazio, por vezes entendido como a nossa melancolia. Mas venho pensando, esse vazio existe para que nós possamos ir preenchendo com um pouco mais de NÓS a cada dia.

Concordo, o nosso maior inimigo somos nós mesmos, tendo em vista que se não o enfrentarmos e o encará-lo, estaremos fugindo de algo muito importante: AFELICIDADE DE NÓS CONOSCO MESMO!

Antes , gostaria também de destacar algo que teu texto me suscitou. Uma coisa é sabermos e identificarmos, outra coisa é nós nos prepararmos , sentirmos e executarmos.

Mas para isso, a importância do primeiro passo é fundamental!

Beijão

MADEIRA

Anônimo disse...

Li... Adorei... Como sempre muito ótimo. Copiei uma parte nos meus recados, PARA MIM... QUEM SABE EU NÃO ESQUEÇO MAIS DISSO... PARABÉNS NOVAMENTE. BJO GURIA

Dione

Fábio Raimundi disse...

Incrível! Texto prazeiroso e ardido. Um tapa na cara. Gostei tanto que vou roubar para meu blog!

Bjo.

Fábio Raimundi

Andressa disse...

Que texto profundo, verdadeiro e extremamente sensível. Conhecedora da alma humana. Isso é o que és. Parabéns, querida doutora. Beijo grande... to passando mais vezes por este blog, viu?

Gabriela Fischer Fonseca disse...

Powerful!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Always...

With love,
Gabi.

Beto disse...

Realmente o estilo que Fabrine usa para escrever é algo muito especial. Uma equilíbrio perfeito entre a simplicidade e riqueza literária. Palavras dotadas de vida, que expressam não apenas o seu simples signigicado semântico, mas tocam ao leitor de uma maneira ímpar....
Estás de Parabens.
Descobri hoje esse blog, atraves do orkut, e gostei muito dos textos que nele eu li. O que de certa forma expressa o perfil (interno e externo) de quem os escreve que, de acordo com os textos me parece especial.
bjs

Humberto Xavier

Roberta Mariano disse...

Amei o texto!!! Muito bom! Parabéns!

lou disse...

Há exatos dez minutos estou apaixonada pelos seus textos, pelo estilo especial.

P.S.: O orkut nem é totalmente inútil, ele me trouxe até aqui.

Gustavo L.Martins disse...

Maravilhoso!.
Gratidão irmã de luz!!!!**
Selamat ja
Selamat bratzo